domingo, 27 de novembro de 2011

Cadê Eu?


Navegando num mar de nostalgia, percebi que sinto falta da minha infância. Não da falta de responsabilidade com algo maior do que a escola, não do não ter nada pra fazer, simplesmente porque não há nada a fazer se não estudar, arrumar a cama, fazer algumas tarefas domésticas.
Sinto falta da pura inexperiência, da inocência, do “fazer merda” sem saber que estava fazendo, dos pique-escondes, das férias passadas de lugar em lugar: Uma semana na casa da avó, outra, na casa da tia e finalmente, Atafona. Talvez o lugar que guarde mais das minhas boas lembranças de infância.
Sinto falta da minha turma de Escola, não que eu quisesse que eles voltassem e fizéssemos o mesmo. Ser nostálgico não é querer que o tempo volte. É lembrar do que passou com saudade, sabendo que foi bom e te enriqueceu. Sabendo que mesmo que tudo aquilo vá passar, que todos foram viver suas vidas e nem sabem da importância que têm pra você, foram das pessoas mais significantes no longo e árduo processo da construção do que se é.
Verdade! Sinto falta da minha infância.
Sinto falta de ter meu pai como herói, de achar que ele jamais falharia, de pensar que ele era o cara mais bacana do mundo, o mais bonito e que ele nunca mentia. Falta de querer ser igual a ele, mas não seguir sua profissão (Nunca seria açougueiro, embora meu pai seja o melhor que eu conheço).
Sinto falta de tomar uns cascudos da minha mãe e jamais levantar a voz pra ela, de pedir um abraço e saber que teria, mesmo que eu tivesse feito a maior cagada do mundo, de dizer que ela era a mais bonita, de brigar porque me chamavam de FDP. Sinto mesmo falta...
Tenho saudades de tudo que era bom e puro. De tocar a campainha e sair correndo, de matar a primeira aula da sexta-feira, porque era a de Matemática e a professora era chata pra cacete.
Eu sinto falta da minha vida num todo, daquilo que deixei ir porque não tive habilidade suficiente pra manter. Não tempo, porque esse passa, mas permitir que o que é mais valioso pra mim, fazer parte da minha vida, pela eternidade que durar, mas que a sua perenidade jamais fosse perdida, à medida que eu mesmo fosse me afastando daquilo que tudo sempre desejei ser.
Por fim, tenho saudade de mim. Alguém me ajuda a encontrar?