sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Lições de Lulu Santos (e do Ricardo) para um sábado à noite, quando se encontra um certo alguém com lindos olhos azuis.




Eu começo a achar que deveria dar mais crédito ao que Lulu Santos canta. De fato, sábado à noite tudo pode mudar. Por mais que eu nunca tenha dado muita bola a isso, um par de belos olhos azuis me fez prestar mais atenção nessas palavras do “poeta pop”.
            Para mim era somente só mais um sábado. Um bom sábado de festa, permita-me registrar: levaria o meu pequeno Pedro a uma festa de criança, onde estaria acompanhado do meu irmão, curtiríamos muito. O Pedro brincaria até cansar, comendo um monte de cachorro-quente, batata frita, bebendo Coca-Cola e, ao chegar a casa, entregar-se-ia cansado ao sono enquanto eu me arrumaria para o segundo tempo de festa, que agora seria meu. Antes de sair, brincaria um pouco com ele, ouviria de sua vozinha algumas más-criações, pelo fato de não estar satisfeito de eu sair e deixá-lo em casa antes que ele dormisse. Mas aquela noite, ou aquele segundo tempo de festa já fora agendado com meu grande irmão João há algum tempo.  Seria a celebração da vitória dele. Ele tinha me convidado a participar daquilo. Eu que amo uma festa, não poderia deixar de estar lá. Uma formatura conforme não tinha visto há cinco anos, que coincidentemente também tinha sido de odontologia.
Engraçado, mas tudo saiu exatamente como eu imaginei que seria. 
Por que então esperar mais algo de um sábado à noite?
A noite já estava sendo perfeita, gostosa como imaginei que seria. De fato, o Lulu tinha razão... Mas eu não precisava esperar mais nada. Já estava bom. Estávamos eu, João, meu mestre Ricardo, os amigos Raul e Edinho. Pô, boa parte do time de rugby estava lá (faltava o Gabryel, pra irmandade estar completa), a música era boa (embora eu nem lembre muito do que tocou), muita cerveja e um garçom que não deixava meu copo ficar vazio. Era uma noite “insurpreendível”.
Foi exatamente nessa noite de sábado a prova de surpresas, que eu do alto do meu planejamento e dedução percebi, mesmo que depois tenha me dado conta disso, é que o Lulu sabe das coisas: Apesar de não ter evitado aqueles olhos, não pude resistir. Encontrei aqueles mesmos olhos depois de cinco anos, quando o tinha visto da última vez, numa ocasião bem parecida. Naquela, a celebração era de sua formatura, também de uma namorada minha na época, que se formara juntamente. 
Os olhos eram os mesmos, igualmente adornados pela sua bela e alva cútis, abrilhantadas pelo mesmo sorriso simpático, que me encantou cinco anos antes, o que nunca tinha dito por motivos éticos e morais. Mas aqueles lindos olhos azuis continuavam do mesmo jeito: faiscantes, vivos, atentos, encantadores. Nossa, nem eu mesmo tinha percebido o quanto eles mexiam comigo. Não imaginei que os veria de novo, nem mesmo que se os visse, provocariam tal tremer de pernas ou impactariam com força comparável a um tackle do Chabal. Mas eles me impactaram. 
Só tive chance de balbuciar com o Ricardón que já me encantava por aquele conjunto há, pelo menos cinco anos. No que me respondeu que só precisava dizer isso. Porque assim, dirimir-se-iam quaisquer dúvidas, vontades ou desejos. Seriam realizados ou não. Correspondidos ou não.
O fato é que diante daqueles olhos, estremeci. Tornei-me menino de novo, perdi toda minha autossuficiência, certeza plena do que sabia. Simplesmente, intimidei-me. Não por falta de vontade de fazê-lo, mas por achar que se fosse direto poderia parecer presunçoso ou machista demais, ou seja, era eu me atormentando com meu monte de conceitos de novo.          
Aproveitei o quanto pude a companhia dela, mesmo que fosse tão pouco tempo, ou por estar absorto em estar vendo-a de novo. Conversamos frivolidades, falamos sobre a vida como está. Descobri que abraçou outra carreira e eu fiquei preso no meu monte de vontades, perdido no que eu queria dizer ou fazer, mas que não dei vazão. Falamos de família, planos, objetivos, lembramos que a última vez que nos vimos foi em sua formatura, que coincidência...
Até que ela  se foi.
A noite continuou, mas não aconteceu nada mais de tão relevante, não para mim, não nada que tenha me causado tão boa impressão, tanto “acanhamento”, tanto que mexesse comigo quanto o aparecimento daqueles lindos olhos azuis... Aqueles olhos que não pude resistir foram a coisa boa de um sábado a noite, que preferi deixar subentendido como uma simples idéia na cabeça, que sequer procurei ter alguma menção de que acontecesse.
Talvez a partir de agora, eu comece a seguir a lição da música do Lulu Santos, além de ouvir mais os conselhos do meu grande Mestre Ricardo. Enquanto isso, vou lembrando e muito puto, por não ter pelo menos tentado dirimir as minhas dúvidas... Ou serão necessários mais cinco anos para que se resolva?